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JEJUM

Jejum é a abstinência total ou parcial de alimentos por um período definido. Tem sido praticado pela humanidade em praticamente todas as épocas, nações, culturas e religiões. Pode ser com finalidade espiritual ou até mesmo medicinal, visto que o jejum traz tremendos benefícios físicos e mentais na saúde de quem pratica. 

O jejum é uma estratégia de saúde que pode ajudar a melhorar a imunidade, favorecer a desintoxicação do organismo e também melhorar a disposição e a agilidade mental. Existem diferentes protocolos de  jejum intermitente.

Protocolos de Jejum

16/8 (16 horas em jejum, 8 horas para se alimentar). Exemplo: se você jantou às 20 horas, comerá novamente às 12 horas, ou seja, almoço. Não há ingestão do café da manhã. O que parece ser o mais comumente feito pelas pessoas e pode ser feito diariamente. 

18/6 (18 horas em jejum, 6 horas de janela alimentar). É um dos protocolos mais eficazes com apenas 6 horas para fazer as refeições. Exemplo: se você jantou às 20 horas, comerá novamente às 14 horas. Assim o horário para alimentação livre é das 14 às 20 horas.

24 horas em jejum. Não deve ser feito mais do que 2 ou 3 vezes por semana. Em geral é muito bom 1 vez por semana, à minha experiência. Este protocolo pode não ser  recomendado para todas as pessoas. É preciso estar muito bem adaptado a longos períodos de jejum.

Em todos os protocolos, pode ser ingerido somente água e outros líquidos não calóricos, tais como chás e café não adoçados. 

A cada dia se registra em vários países um aumento de pessoas com excesso de peso e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como diabetes, hipertensão arterial, doença cardiovascular, doença renal crônica, câncer e distúrbios músculo esqueléticos devido principalmente  ao aumento de consumo de carboidratos industrializados, ao sedentarismo e, me atrevo a dizer,  a toxicidade do meio ambiente em que vivemos. 

Portanto, realizar algumas estratégias de intervenção alimentar  eficientes, se torna  cada  vez  mais  relevante,  levando  em consideração   que   o   gasto   público e privado para o tratamento destes problemas é elevado. Uma das estratégias de controle alimentar que vem ganhando destaque é o jejum intermitente (JI), que se tornou bastante popular  por  conta das redes sociais e vem sendo discutida cada vez mais por pesquisadores por conta dos seus benefícios para a saúde com sua prática (78).

Jejum = desintoxicação + auto reparação celular

Em 2016, o biólogo japonês, Yoshinori Ohsumi, venceu o prêmio Nobel de medicina em razão do seu trabalho para explicar o processo de autofagia, quando as células destroem a si mesmas e eliminam tecidos não saudáveis, o que é intensificado quando as pessoas ficam horas sem comer.

A autofagia é um processo de regeneração natural que ocorre nas células do corpo em jejum. Este processo foi descoberto nos anos 1960. Dentro das células, são identificadas estruturas que apresentam algum mau funcionamento, sendo reconhecidas como um material a ser digerido. O processo de autofagia é muito importante para que a célula consiga se livrar de materiais problemáticos, sem que ela tenha que se destruir por inteira. É como se ela conseguisse selecionar o que não está funcionando como deveria e fizesse uma digestão de parte de si mesma.

Dessa forma, as células do nosso organismo conseguem funcionar com mais qualidade. Elas se tornam capazes de prevenir ou tratar de maneira mais eficaz doenças neurodegenerativas, processos cancerígenos, quadros infecciosos, diabetes tipo 2 e entre outros. É por isso que a longevidade humana tem sido associada a esse processo.

Assim, as estruturas celulares desgastadas ou envelhecidas são destruídas, mantendo dentro das células apenas os materiais saudáveis, que executam funções fundamentais para a manutenção da vida. De acordo com o vencedor do prêmio Nobel, a prática do jejum potencializa a autofagia, fazendo com que o organismo “recicle” a si mesmo e possa aumentar a sua longevidade.

Benefícios da autofagia 

A autofagia é um mecanismo crucial de autolimpeza, presente em todas as células do nosso organismo. A diminuição desse processo resulta em um acumulado de componentes danificados dentro da célula, o que pode levar à morte celular e ao surgimento de diversas doenças. Portanto, manter esse processo ativo, pode ser uma forma eficaz de prevenção.

Deficiências no mecanismo de autofagia, estão associadas ao aparecimento de doenças como Parkinson, diabetes tipo 2 e outras condições relacionadas ao envelhecimento. Além disso, mutações nos genes que regulam a autofagia também podem resultar em problemas de saúde. A esse respeito, diversos estudos têm indicado que a autofagia pode ser uma estratégia de proteção do sistema nervoso, especialmente no envelhecimento e em doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Afinal, posso viver mais tempo? 

De acordo com Ohsumi, a restrição alimentar, ou seja, um jejum prolongado, estimula o processo de autofagia.

“A autofagia não fica ativa o tempo todo. Mas a restrição de nutrientes é uma forma de burlar isso”, disse Luciana Gomes, pesquisadora do Laboratório de Reparo de DNA da USP.

Quando as pessoas ficam algum tempo sem se alimentarem, as células iniciam esse processo de digerirem a si mesmas. As células “comem” a si mesmas para sobreviverem. “O jejum induz a autofagia, isso é sabido. Também sabemos que a autofagia induz a longevidade. A busca agora é entender a conexão entre a autofagia ativada pelo jejum e a longevidade das células”, disse Soraya Smaili, professora da Escola Paulista de Medicina.

Ainda de acordo com os cientistas, porém, a restrição de nutrientes não pode ser muito longa. Se isso acontecer, as células começam a digerir não apenas as suas partes problemáticas, como também os seus componentes saudáveis, o que passa a ser mais nocivo para a saúde do que benéfico. É por isso que a comunidade científica cita esse valor de aproximadamente 12 horas sem alimentação, embora essa ainda não seja uma medida oficial. Quem tem algum problema de saúde, pode ficar enfraquecido diante de restrições alimentares prolongadas, o que não é o caso do jejum intermitente.

Benefícios do jejum  

  • Desintoxicação e auto reparação celular;
  • Facilita a queima de gordura; 
  • Sensação de bem estar e saciedade; 
  • Reduz a inflamação do organismo; 
  • Reduz o risco de doenças; 
  • Melhora o funcionamento do cérebro-mente; 
  • Aumenta a longevidade.

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